Ari Hauck fala sobre problemas ocasionados pelas enchentes durante audiência. Fotos: Ivan Gomes |
O vice-prefeito de Itatiba, Ari Hauck, o dr. Ari (REDE),
participou de Audiência Pública durante à noite de segunda-feira (21),
realizada no teatro Ralino Zambotto. O evento foi organizado pela Câmara
Municipal. Além do vice, estiveram presentes representantes de várias
associações, sociedade civil, parte dos vereadores e mais de 120 pessoas na
plateia.
O ponto negativo do evento foi a ausência do prefeito e de
seus secretários. O vice-prefeito não representa o Poder Executivo municipal
pois tem relações políticas rompidas com João Fattori (PSDB) desde 2013.
Populares reclamaram da ausência das autoridades.
Antes da audiência, Hauck também esteve presente em reunião
realizada pela Aicita (Associação Industrial e Comercial de Itatiba). O
encontro teve presença de mais de 30 comerciantes que foram diretamente
afetados pelas enchentes. Na manhã de terça-feira (22), outra reunião foi
realizada, desta vez no Paço Municipal. De acordo com o vice-prefeito, projeto
sobre obras no ribeirão foi apresentado neste encontro.
Doutor, faça breve
resumo sobre os três encontros realizados em espaço de menos de 24 horas. Quais
ações positivas podem ser tiradas desses debates?
Difícil ser breve. Na verdade, forçamos ser recebidos pelo
prefeito desde a semana passada, e nada até hoje [22].
Foi somente a união dos comerciantes e sua persistente pressão
sobre a administração que acelerou ações necessárias para recuperação das áreas
afetadas pela enchente. Foi na paralização do trânsito que os comerciantes
forçaram a desobstrução das galerias da Av. 29 de Abril e a retirada dos
escombros do ribeirão. Outros locais estão ainda abandonados como a estrada
para Valinhos próximo a Granja Mara, onde as obras dos novos prédios parecem
ter provocado vários desmoronamentos obstruindo a estrada.
A audiência na Câmara foi importante pela presença dos
engenheiros da Rota das Bandeiras que mostraram a importância dos novos
loteamentos nas enchentes, mas ainda restam dúvidas quanto ao papel das obras
na rodovia que aterraram as várzeas e canalizaram os córregos. Se algum
engenheiro da prefeitura não fosse proibido de ir pelo prefeito, talvez ele
pudesse dialogar e esclarecer mais, oferecendo mais segurança à cidade.
Também muito importante a presença dos nove vereadores que
aceitaram a proposta de se pedir a instalação uma CEI [Comissão Especial de
Investigação] para esclarecer melhor os acontecimentos, especialmente pela
insólita recusa do prefeito em colaborar.
Foi muito ressaltada a importância de se rediscutir as próximas
alterações do Plano Diretor inserindo os itens de proteção contra as cheias e
secas. Também se enfatizou a necessidade urgente de se paralisar as aprovações
desordenadas de loteamentos e novos prédios.
No entanto, a notícia ruim dada pelo secretário Erik
[Carbonari], é que o governador [Geraldo] Alckmin não homologou o Estado de Emergência
solicitado pelo município. Se isso se confirmar receberemos menos ajuda para a
reestruturação do município.
Como o senhor avalia
a ausência do prefeito e de seus secretários na audiência realizada pela Câmara
Municipal?
Foi de uma total falta de sensibilidade e de muito
desrespeito com a população.
A Câmara já é sabido que ele não respeita mesmo. Ele
demonstrou ter muito medo e insegurança de se deparar com a população, muito
embora a reunião tenha transcorrido pacificamente mesmo com os desabafos e
indignação das pessoas afetadas pelas enchentes. Se ao menos ele, não
comparecendo, tivesse liberado os engenheiros do planejamento e de obras da
proibição de demonstrar os estudos realizados, com certeza o prefeito teria
ganho algum crédito. Mas o medo e a vingança prevaleceram.
O vice-prefeito tem acompanhado os comerciantes em várias reuniões sobre os estragos ocorridos no município |
Nas redes sociais,
algumas pessoas citaram que o senhor representaria o Poder Executivo por ser
vice-prefeito e que recebe por isso. Qual a veracidade destas afirmações?
Na verdade, foi apenas um assessor que tentou minimizar e
defender a ausência do prefeito postando na rede social [‘Vejo muitos reclamando que o executivo não estava
presente, mas para que serve o Vice-Prefeito? Ele não representa o executivo?
Ou é só na hora de pegar o cheque?’].
Desde 2013,
por não concordar com a postura e as traições do prefeito e do presidente do PV,
deixei o partido e o cargo no PSF [Programa de Saúde da Família], mesmo com
perda de salário pelo trabalho que desenvolvia como coordenador de saúde.
Já processei
por calunia e difamação quem tentou me denegrir acusando-me, entre outras
falsidades, de receber como vice-prefeito.
Fui prejudicado
por deixar minha carreira em Jundiaí no Hospital São Vicente e na Faculdade de
Medicina para me dedicar a Itatiba, acreditando que Fattori e Dr. Simões
aceitariam um programa de governo modernizador e sustentável para nossa cidade.
Ainda assim, vemos pessoas mal-intencionadas tentando me denegrir.
Em relação aos
problemas de enchentes na parte baixa do município, o senhor acredita que no
próximo verão isso possa ocorrer novamente?
Ainda não tenho segurança quanto a realização da recuperação
dos estragos. Só com as margens do ribeirão Jacaré se prevê gasto de R$ 14 milhões,
sem contar com a reconstrução das pontes e das galerias em todo o trajeto.
Também não acredito que o prefeito e seu provável candidato
Carbonari desistam de aprovar tantos loteamentos e principalmente venham fazer
rigorosa fiscalização das obras irregulares que provocam erosões e
impermeabilização do solo. A prefeitura não tem capacidade de agilizar contratações
e garantir qualidade em suas obras. Vejam os enfeites inúteis e ridículos das
pontes ‘estaiadas’ com gastos desnecessários. Algum vereador da situação sabe
quanto custou essa brincadeira?