sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

A luta não termina aqui, ela apenas se inicia

Doutor Ari distribuiu balões brancos às crianças que
passaram pelo 'gabinete' na Praça durante a terça-
feira (27). Fotos: Ivan Gomes
Encerramos mais um ciclo. Após um ano e quatro meses com o “Gabinete na Praça”, me despeço deste momento muito importante não apenas para mim, mas para todos que se ocupam à busca de dias melhores.

Nesse espaço, tão significativo para a cidade e também para a Cultura Democrática, originária na Ágora (a praça central) Grega, ouvimos pessoas de todas as regiões do município, de todas as classes sociais e também de cidades vizinhas e mesmo distantes.

Quando aceitei o convite para ser vice-prefeito abri mão de minha estabilidade social, profissional e financeira para apoiar um projeto de uma NOVA POLITÍCA. Acreditei no candidato João Fattori (PSDB), me decepcionei e reconheço o erro.

Minha única exigência no governo Fattori foi impulsionar a participação cidadã, a transparência, a modernização administrativa e a eficiência. Solicitei, mas nunca exigi, um gabinete no Paço Municipal, como também abri mão, desde o início, em 2009, da remuneração de vice-prefeito e recebi somente pelo meu trabalho enquanto médico coordenador da Atenção Primária, onde gerenciei e contribui com a reforma e ampliação da rede de UBSs (Unidade Básica de Saúde).

Como todos sabem, rompi politicamente com o prefeito no início do segundo mandato, em 2013, pois discordava de sua pratica coronelista e personalista.

Optei por levar minha indignação à praça em agosto de 2015, após muita reflexão e debate com amigos. Iniciei meu protesto não apenas contra a situação política em Itatiba, mas também no Brasil. Em outubro, dois meses após atuar de maneira direita com o povo, fui demitido por Fattori da função de médico na UBS rural do bairro dos Pires.

O começo do Gabinete foi difícil, muitos não entenderam o recado. Mas o tempo mostrou às pessoas qual era nossa finalidade e, a cada semana, mais pessoas passavam pela praça para trocar ideias ou mesmo pedir alguma orientação de quais caminhos poderiam seguir para ter algum problema solucionado ou atenuado.  

Outro momento difícil foi a decisão de não ser candidato nestas eleições (2016). Desde 2010 participo da formação do partido REDE SUSTENTABILIDADE. Em 2015, após superar todos os entraves jurídicos, a REDE passa a ser foco de interesse de politiqueiros em busca de um partido “ficha limpa”. O que ocorreu todos perceberam, não basta dizer-se novo na política, é preciso nova postura. Decidi não sair candidato e ser fiel aos meus princípios e aos da REDE: não dá para fazer NOVA POLITICA com uso de velhas práticas, velhos conchavos, culto à personalidade.

A maioria das crianças pediu paz e saúde para 2017 
Todavia, acredito que cumpri meu dever político com ética e transparência. Saí de minha zona de conforto para assumir uma função pública e deixei claro os motivos de meu apoio e o posterior rompimento, “dando a cara a tapa”, sempre aberto à população, exposto a críticas, mas sem omissão.

Vivemos um momento delicado da política local e nacional. Por hoje, encerramos parte de uma luta, que é nossa e perdurará por muitos anos ainda. Nossa próxima batalha está prevista para 2018, 
quando elegeremos deputados estadual e federal, senadores, pois terão o dever de revisar o sistema político eleitoral, além de governadores e presidente.

A oportunidade de fazer a cidade e o país que queremos está em nossas mãos. Precisamos, juntos, participar mais da sociedade e único caminho pacífico de mudança é através da política partidária.
Seguiremos em frente, pois a luta é longa.

Agradeço a todos pelo apoio e compreensão; a todos que passaram pelo Gabinete na Praça onde trocamos informações, criticas, sugestões e aprendemos muito.

Retomarei a defesa da Cidadania sempre quando houver injustiça, serei sempre mais um nesta luta. Estarei sempre pronto a combater o “bom combate”, aberto aos debates, à busca de compreender os anseios e necessidades de nossa comunidade.

ARIOVALDO HAUCK DA SILVA, apenas um cidadão