Ivan Gomes
Evento foi realizado na UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo - e
teve participação de vários diretores de ministérios
O vice-prefeito de Itatiba, Ari Hauck, o dr. Ari, participou
na manhã de quarta-feira (11), de seminário sobre o Programa Mais Médicos do
governo federal. Hauck representou a Faculdade de Medicina de Jundiaí onde é
professor do departamento de Saúde Coletiva.
O evento realizado na Universidade Federal de São Paulo teve
participação de vários integrantes dos ministérios da Saúde e da Educação, do
Conselho Regional de Medicina, do senador Cristovan Buarque, do teólogo Frei
Beto, além de professores e diretores da Escola Paulista de Medicina, estes
últimos ferrenhos críticos no lançamento do programa. O seminário foi
ministrado para representantes das faculdades de medicina da Grande São Paulo e
também para os formandos de medicina, onde se discutiu o programa desenvolvido
pelo governo federal e seus benefícios à população.
Ao final do evento, Hauck falou sobre o seminário e suas
impressões. “Inicia-se agora o segundo ano do programa ‘Mais Médicos’. Em nossa
região os municípios de Campinas, Campo Limpo, Cabreúva, Itatiba, Jundiaí,
Atibaia, Piracaia e Sumaré inscreveram-se para receber profissionais que
integram o projeto Mais Médicos. Estranhei não ver os municípios mais carentes
em atendimento médico nesta lista”, comentou o vice-prefeito.
O seminário apontou consenso de que o projeto atingiu seu
objetivo e vem sendo paulatinamente aceito por seus críticos. Como disse Frei
Beto “o governo federal foi incompetente em melhor divulgar todas as faces e
benefícios, apenas fixando-se eleitoralmente na alocação emergencial e
temporária de médicos”, afirmou.
FASE
Nesta segunda fase, o número de médicos brasileiros inscritos
foi surpreendente e restarão poucas vagas aos estrangeiros. “O temor de que
isso iria rebaixar o salário médio não se realizou, muito menos a falta de
competência e problemas éticos. Também não se viu um exército cubano invadindo
o país. No entanto, é inaceitável que cidades como Campinas, Jundiaí e mesmo
Itatiba, que tem capacidade financeira de fixar seus profissionais, ocupem as
vagas de Morungaba, Jarinú, Pedra Bela, Perdões, Tuiuti, Vargem e outras tantas”,
alegou Hauck.
Para Hauck, neste ponto o projeto em dois pontos. “[Primeiro]
não atende seu objetivo primordial que é de levar médicos aos locais mais
necessitados e afastados dos grandes centros. Aqueles municípios ainda são
reféns de ‘pseudoempresas agenciadoras de médicos visitantes’ que absorvem o
orçamento municipal de saúde sem garantir nem respeitar minimamente os
princípios do SUS [Sistema Único de Saúde]. Em segundo lugar, atrasa a fixação
dos profissionais e a implantação de uma verdadeira rede de atenção básica de
saúde por favorecer os municípios mais equilibrados economicamente e que
poderiam investir na atenção primária e na carreira do médico e demais
profissionais de saúde”, explicou o vice-prefeito.
Divulgação
Ainda segundo Hauck, o médico cita Itatiba que deixou de
investir na carreira do médico e com isso perdeu mais de 15 profissionais em
exercício há muitos anos no município. “Com isso o atendimento só não entrou em
caos pela vinda dos médicos cubanos. Há que se corrigir tais pontos
instituindo-se uma carreira estadual do médico a ser remunerado pelo Governo do
Estado e serem fixados nos pequenos municípios, os quais, além de não terem
recursos, são impedidos de pagarem ao médico um salário maior que o do prefeito”,
ressaltou.
DIFICULDADES
Hauck disse também que o projeto enfrenta dificuldades com a
falta de vagas e de faculdades de medicina assim como de residências médicas
onde se priorize a formação em Medicina Geral de Família e de Comunidade. “Mesmo
assim há saídas viáveis que resgatam no curriculum da faculdade o exercício da
profissão do ‘médico cuidador da vida’, combatendo o paradigma do mercantilismo
na saúde. Hoje as escolas formam profissionais para o pronto atendimento e para
a triagem e encaminhamento a especialidades segmentadas e compartimentadas,
onde o paciente é visto apenas como mais um ‘caso de um órgão doente’ e não
como uma pessoa que luta para recuperar sua saúde”, analisou.
Mesmo faltando ao Mais Médicos a esperada supervisão em
serviço e também melhores condições para a Educação Permanente, o programa
atraiu nesta segunda etapa grande parte dos recém-formados por se constituir no
caminho natural, melhor remunerado e menos precarizado (pois ainda há que se
garantir direitos trabalhistas) para a conquista da Residência Médica.
“No entanto ainda estamos distantes de garantir à população aqueles
princípios fundamentais do SUS com um atendimento resolutivo, ou seja, um
acompanhamento continuado do cuidado ao paciente até sua alta. Ainda estamos
longe da atenção integral onde o médico trabalha em equipe não apenas na cura
do doente, mas principalmente na promoção das condições de saúde, na prevenção
e diagnóstico precoce. Mais ainda,
estamos distantes da atenção humanizada onde o cuidador se responsabiliza pelo
apoio, esclarecimento e orientação da pessoa, sua família e da comunidade
ombreando-se pela elevação da qualidade de vida”, argumentou Hauck.
O médico disse ainda que “acredito no que este seminário mostrou;
que a real implantação dos princípios do SUS e da Atenção Primordial à Saúde só
serão efetivadas por uma atuação não preconceituosa, isenta de dogmas e
verdades incontestáveis, e especialmente com a adoção de uma visão tecnicamente
estruturada e democraticamente concebida, sem partidarismos infantis. Claro que
isto necessita de um financiamento honesto, transparente, participativo que
enfrente as já conhecidas ‘forças ocultas da morte’ com suas contas
clandestinas na Suíça e outros paraísos fiscais”, encerrou o vice-prefeito.